Amor nem sempre termina em casamento. Aliás, quando chega no altar é sinal que não terminou mesmo! Mas, geralmente começa em paixão. Esse sentimento estranho, movido por olhares, arrepios, frios na barriga e ânsia interminável de matar saudade (palavra estranha a outras línguas e, para nós, com tantos sinônimos e diferentes significados), que quase sempre incendeia o corpo e anuncia a chegada do amor. Também é sinal de problemas e angústias e, com frequência, vem acompanhado de decepções, mas, mesmo assim, raramente nos furtamos de seus efeitos ou preferimos a mesmice da vida solitária e tediosa dos solteiros convictos.
Mesmo sendo a paixão uma sensação perseguida por todos nós, o amor também aparece sem ela. Muitas relações amorosas são frutos de longas amizades ou de uma aproximação movida por outros interesses ou sentimentos. Esses não são piores que os relacionamentos apaixonados, são simplesmente diferentes. Podem até mesmo ter muitos adeptos e admiradores. Mas, convenhamos, estão fora de moda, são meio sem graça e pecam por não terem qualquer encanto. Não despertam volúpias, não são sedutores, não nos convidam a fazer uma loucura – mesmo sabendo que jamais vamos nos arrepender dela. Se nos arrependemos das loucuras de amor, não foram de amor, foram apenas loucuras. Sem brilho, sem adrenalina, sem convicção.
O amor talvez seja o tema mais explorado e disseminado pelo mundo, desde os primórdios. É a busca incessante e irremediável do ser humano. Tanto se fala em amar, ser amado e ter amores que basta procurar essa palavra no mais avançado dicionário eletrônico (aqui, leia-se Google) que surgirá um zilhão de respostas automaticamente – um total aproximado de 712 milhões de resultados, para tentar ser mais exato. Mas essa quantidade não faz a menor diferença. A qualidade sim, essa é fundamental. É preciso amar com tudo, para tudo, por tudo e apesar de tudo. Somos eternos sabedores dos defeitos do outro, mas, sempre que nos deparamos com eles, nossa reação mais provável é a negação. Se não for, nosso superestimado poder de mudar o outro em cena e brincamos de adulterar a essência daquele por quem professamos amor incondicional. Se quisermos alguém igual a nós mesmos, com nossos mesmos pensamentos e atitudes, o melhor é venerarmos nossa imagem e pedirmos nosso ego em casamento.
Amor é uma conquista diária! É olharmos para o outro e percebermos que ele existe de verdade, que tem vida própria e nos completa. É abrirmos mão de nossas preferências, de nossas prioridades e vaidades e de nosso egoísmo, sem deixarmos de ser nós mesmos, com autenticidade. É aceitarmos o outro em sua totalidade, com seus defeitos, com suas profundas imperfeições e, claro, com os presentes que dele recebemos. Alguns desses presentes, inclusive, são inesquecíveis!
Excelente texto. Adorei!
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