Já faz tempo que os reality shows viraram febre no país, e isso não se discute. O que vale questionar não é a natureza ou o objetivo, mas o conteúdo disseminado por esses novos programas televisivos de entretenimento. A natureza explora o comportamento humano que, sob essa ótica, deve ser o mais pobre possível, tanto intelectual quanto emocionalmente. O objetivo, em princípio, é superar a concorrência no horário nobre, mas a enorme renda gerada também precisa ser considerada.
A disputa pela audiência tem feito com que as emissoras – atualmente, a Rede Globo com o BBB e a Rede Record com A fazenda, visto que o SBT resolveu sair do páreo – aumentassem a premiação dos vencedores, recrutassem mais e maiores patrocinadores e investissem pesado na divulgação de suas últimas edições. Entretanto, o que tem realmente feito a diferença são as estratégias, cada vez mais apelativas, pela escalada no IBOPE da família brasileira. Brigas, romances, disputas por comida, provas físicas, paredões, roças e “barracos” constantes já não satisfazem mais a fome dos espectadores adeptos desse moderno besteirol. É preciso mais!
Por isso, o confinamento dos participantes precisa ser recheado de surpresas e ter uma mistura cada vez maior de personagens, raças, profissões, credos e sexos. O verdadeiro zoológico humano comporta brancos, negros, homens, mulheres, gays e lésbicas – e todos assumem sua orientação sexual como se isso realmente fizesse alguma diferença. O BBB tenta passar a imagem de que não há preconceito e todas as tribos têm espaço garantido na “casa mais vigiada do país”, como diria aquele que um dia foi correspondente internacional e hoje é o mestre de cerimônia do circo de horrores global. E, nesse “vale tudo”, o telespectador pode se deliciar em tempo integral (seja pela Internet ou pela TV a cabo) com declarações e comportamentos pra lá de vexatórios, extrapolando os limites do mau gosto. A edição 11 do BB ou a edição 4 da fazenda são apenas um prenúncio de que haveremos de agüentar (quem se dispor, é claro), por muito tempo ainda, a evolução da decadência televisiva brasileira.
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